terça-feira, 8 de junho de 2010

Encontro do Movimento Fé e Cidadania de Campos

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Nos dias 29 e 30 de maio de 2010 foi realizado em Campos, RJ, no Colégio João Paulo II das irmãs Missionárias de São José, o Encontro do Movimento Fé e Cidadania, com a participação de 25 pessoas. O número de pessoas inscritas era bem maior, mas muitas não puderam comparecer por causa de outras atividades que aconteceram nessa mesma data. O tema Cidadania e Economias foi escolhido para dar continuidade ao tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica.
Reunidos em torno de um altar preparado no chão, que trazia a recordação da luta pela Reforma Agrária, contra o trabalho escravo, a Rede Fitovida de agroecologia e saúde alternativa, celebramos o encontro de Elias com a viúva de Sarepta, como sinal de uma nova economia que haveremos de construir.
O Encontro serviu também para incluir a cidade de Campos na Rede de Fé e Política do estado do Rio de Janeiro. Para este ano, estão previstos mais dois encontros de formação: Cidadania e Políticas Públicas; O Papel do Leigo na Igreja.
O Movimento Fé e Cidadania surgiu em Campos a cerca de dois anos e vem aos poucos se consolidando, com o apoio do padre José Carlos, redentorista do Santuário e de Juvenal Rocha, da CPT do estado do Rio de Janeiro, que tem um pólo de atuação no município.
Por ocasião do Plebiscito pela reestatização da companhia Vale do Rio Doce, o padre, no final da missa, lançou uma convocação para que os fiéis apoiassem a iniciativa e pediu que algumas pessoas se dispusessem a cuidar da mesa de coleta de assinaturas. Um por um os fiéis se foram embora, deixando o padre sozinho com as folhas de assinatura na mão. O padre concluiu que a culpa não era dos fíéis, mas da Igreja. E a partir daquele episódio começou a articular um grupo de pessoas que depois passou a se chamar Movimento Fé e Cidadania. Iniciaram fazendo diversos encontros de formação bíblica, apoiados por Maria Felisbela, do Cebi-RJ e do Curso do Rio. A organização do Grito dos Excluídos foi a principal atividade desenvolvida no ano passado. Neste ano pretendem organizá-lo novamente.
O Movimento tem três grandes desafios. Há alguns anos atrás, a cidade contava com três sindicatos bastante ativos, petroleiros, bancários e professores, que davam um suporte às demais lutas sociais na cidade. A desmobilização desses sindicatos, para não prejudicar a governabilidade, e a ascensão da família Garotinho na política local – com restaurantes e passagem urbana a um real, subvencionados pelos royalties do petróleo - criam um quadro bastante difícil para a ação política e cidadã.
O Movimento se apóia na militância católica. Mas a linha pastoral da Igreja católica local, com dois bispos, é bastante indefinida. Campos é sede nacional da Igreja tradicionalista do bispo dom Antonio de Castro Mayer (1949-1981) que segue o rito antigo, como os lefevrianos, com forte influência nas elites locais. Frente a essa Igreja, a diocese local tem pouco espaço de manobra.
No campo, onde predomina o latifúndio voltado para a produção de açúcar de cana e nas novas áreas urbanas da indústria do petróleo, o desafio do trabalho escravo é muito grande. Em 2009 o município foi recorde em libertação de trabalhadores submetidos a trabalho degradante.
Diante desse quadro, a emergência de uma articulação de pessoas para colocar a fé a serviço da cidadania, é uma boa-notícia. O grupo está animado.

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