sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
7º Encontro Nacional de Fé e Política
"Cuidar da Vida: Espiritualidade, Ecologia e Economia" foi o tema do Encontro que reuniu nos dias 27 e 28 de novembro, em Ipatinga (MG), cerca de 3.600 pessoas, vindas de todas as regiões do Brasil. Confira matéria de um jornal local.
Espiritualidade, ecologia e economia
Reflexões e diversidade no 7º Encontro Nacional de Fé e Política
[Diário do Aço, 29 de novembro de 2009]
Ipatinga - Marcel Silvano e Mariane Teixeira são de Macaé, Estado do Rio de Janeiro. Católicos e mem¬bros da Pastoral da Juventu¬de, se conheceram durante o 5° Encontro Nacional de Fé e Política, realizado em Vitória (ES). Na 6ª edição do even¬to, em Nova Iguaçu, foram como um casal. Este ano, em Ipatinga, Marcel e Maria¬ne compareceram ao 7° En¬contro Na¬cional de Fé e Política, ca¬sados, com a filha de nove meses, Maria Eloá.
“Viajar para os encontros de formação sempre fez parte da nossa vida. Par¬ticipamos destes encontros para encontrarmos pessoas que partilham de um mesmo sonho que o nosso e da nos¬sa caminhada de Igreja. Por isso, trouxemos nossa filha, para que ela cresça na mesma caminhada que a gente” re¬sume o casal.
Junto com eles, outras 30 pessoas de Macaé, Rio das Ostras, Carapebus, Nova Fri¬burgo e São Pedro da Aldeia, de todas as idades, também vieram do Estado do Rio de Janeiro para o encontro. Por causa da filha pequena, Mar¬cel e Mariane vão ficar hospe¬dados num hotel.
Mas Edinaldo José da Sil¬va, Aparecida e o marido Dir¬ceu Silvério dos Reis serão acolhidos nas casas de pes¬soas da comunidade do Vale do Aço, Eles vieram de Vár¬zea Paulista, no Estado de São Paulo, e viajaram 12 horas para participar do encontro. Na cidade onde vivem, participam da Pas¬toral Fé e Po¬lítica.
Edinaldo e Aparecida escolheram par¬ticipar da plenária "Cuidar da vida e dos Direitos Huma¬nos". "O ser humano precisa ser mais bem tratado", justificou Edinaldo. "A vida é um bem maior e precisamos dis¬cutir o que fazer para melhorá-la", complementou Apare¬cida. Para Dirceu, o encontro dá uma injeção de ânimo na vida. "O que se dis¬cute aqui também renova as minhas convicções", resume.
De mais longe ainda veio José Adriano de Souza. Ele saiu de Rondônia, onde co¬ordena a Escola Fé e Política na cidade de Ji-Paraná. "Foi a primeira escola diocesa¬na de formação política fun¬dada no Brasil e existe há 18 anos. Depois, vieram ou¬tras do mesmo tipo em outras localidades do país. Des¬de então, formamos mais de 800 lideranças católicas", explicou José Adriano.
Personalidades
Autoridades religiosas e políticas de diferentes cida¬des do Brasil marcaram pre¬sença no 7° Encontro Nacio¬nal de Fé e Política. Durante a solenidade de abertura, o prefeito de Ipatinga, Robson Gomes (PPS), reforçou o apoio da Prefeitura ao evento. "O encontro é uma opor¬tunidade diferenciada para a cidade discutir questões políticas", afirmou.
A prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa (PT), o prefeito de Coronel Fabri¬ciano, Chico Simões (PT), vereadores e o deputado federal Chico Alencar (PSOL - RJ) estiveram presentes ao encontro na manhã deste sába¬do (28). "Lutamos por um mundo novo e melhor, e um encontro como este é como um descanso desta luta, um momento onde a diversida¬de convive em harmonia. O presidente Lula participou dos dois primeiros encontros do movimento Fé e Política, e nunca mais voltou. Será que a fé dele mudou? Porque a política dele mudou, com certeza", brincou o deputa¬do.
O ministro do Desenvolvimento Social e Comba¬te à Fome, Patrus Ananias, também esteve no encon¬tro. "Venho com muita ale¬gria e participo dos encon¬tros regionais e nacionais porque sou um dos fundado¬res do movimento Fé e Política. Acho muito importante que os cristãos reflitam sobre sua responsabilidade política; a luz dos princípios evangé¬licos e do ensino social cristão", resumiu o ministro.
Curiosidades
Num encontro com o ob¬jetivo de se discutir espiri¬tualidade, ecologia e econo¬mia, os organizadores foram impecáveis sob vários aspectos. No palco, intérpretes de libras se revezavam para traduzir todas as conferências do evento. E nada de copos des¬cartáveis para se fartar de água fresca no calor escaldan¬te do final de semana. Cada participante inscrito recebeu uma sacola reutilizável que, entre outros itens, continha uma caneca plástica.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
2ª Assembléia Popular
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Ivo Lesbaupin participou, em Brasília, da reunião preparatória da 2ª Assembléia Popular que acontecerá em Brasília em 2010. Reproduzimos aqui artigo recuperando a memória da Assembléia Popular.
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O que é a Assembléia Popular?
A Assembléia Popular vem de um processo amplo de articulação e organização de várias campanhas, redes e movimentos sociais no Brasil. A Assembléia Popular virou prática em várias cidades e estados do país desde 2005, a partir da realização da 1ª Assembléia Popular Nacional com participação de 8.000 mil pessoas representantes de todos os estados, entidades, movimentos sociais e pastorais de todo Brasil.
A Assembléia Popular surge de um processo da 4ª Semana Social Brasileira, realizada pelas Pastorais Sociais/CNBB. De 1997 a 1999, a CNBB puxou a realização da 3ª Semana Social sobre o tema central do resgate das dívidas sociais. Os grupos de reflexão e mobilização não tardaram a perceber que a raiz da pobreza e miséria no país está na Dívida Externa e agora, também na Dívida interna que neste ano de 2009 chegou a 1,8 trilhões de reais. Deste processo surge O Jubileu Sul que organizou o plebiscito sobre a dívida externa no ano 2000 juntamente com diversas forças sociais e depois no ano de 2002 com a realização do plebiscito popular sobre a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) se fortalece esse tipo de iniciativa como um espaço de formação política, de conscientização, responsabilidade e participação. Durante estes vários processos outro debate vai sendo ampliado, ou seja, a reflexão sobre o modelo de país e que Brasil queremos.
Neste sentido, fortalecidos pelos processos da Semana Social Brasileira, pelo Jubileu Sul - campanha contra as dívidas externa e interna, com a campanha contra a ALCA se aprofundou o debate em mutirão e em assembléias populares em diversas cidades, regiões de todo o nosso país. O que resultou em outubro de 2005 na 1ª Assembléia Popular e na publicação de um primeiro esforço coletivo sobre o projeto popular para o Brasil, o livro "O Brasil que Queremos". Material que pode ser acessado através do link - http://www.jubileubrasil.org.br/assembleia-popular.
Um dos principais debates elaborados dentro da Assembléia Popular é de que na condição de cidadãs e cidadãos, somos sujeitos de direitos iguais e habitantes de um dos territórios mais ricos em sua diversidade étnica, de regiões, clima, vegetação, fauna, solos, rios, litorais. Ricos em história, culturas, tradições, costumes, valores e espiritualidades. Viemos de diferentes biomas (regiões socioculturais / socioambientais - Amazônia, Cerrado, Pampas, Pantanal, Caatinga ou Semiárido e Mata Atlântica) e queremos que o Brasil seja uma unidade da riqueza de toda esta diversidade, em favor de uma vida com dignidade para e com todas as pessoas e todos os seres vivos que habitam no planeta. Este sendo um dos eixos do projeto em debate.
Outro eixo em debate tem a ver com aspectos da soberania financeira, com o modelo de desenvolvimento, sistema político, relações internacionais e a soberania dos povos, trabalho, cidade, campo, moradia, educação, saúde, gênero, valores, etnias, comunicação, cultura e tantos outros aspectos que o projeto popular para o Brasil necessita. Desde 2005 com a primeira sistematização vem se realizando Assembléias Populares locais para debater o bairro que queremos? A cidade que queremos? O estado que queremos? E o Brasil que queremos? Todo esse trabalho está sendo realizado pelos articuladores/as regionais através de campanhas e lutas estratégicas conforme a realidade de cada região do Brasil.
Desde então viemos presenciando algo novo, emanando do povo, no qual já vários de nós estamos envolvidos. Uma dinâmica está se constituindo que pode marcar uma etapa importante na organização dos movimentos sociais e populares, na participação do povo e na transformação e construção da sociedade que queremos. O exercício do poder popular deve estar a serviço da construção do projeto popular para o Brasil construído pelo próprio povo desde seu local, com dimensão nacional e internacional. A Assembléia Popular se propõe a fazer essa contribuição.
A que se propõe a Assembléia Popular?
A Assembléia Popular se propõe e desafia á construção de um novo modelo de sociedade, um novo projeto de sociedade, um novo modelo de desenvolvimento que tenha em primeiro lugar a vida humana e toda forma de vida no planeta e com a dimensão da integração regional da America Latina. E este, o chamamos de Projeto Popular O Brasil que Queremos, através da organização Popular. Este Projeto Popular tem em conta os limites atuais que vivemos nesta sociedade e nos desafiamos a lutar para enfrentá-los trazendo uma nova visão e novos valores, como:
Igualdade, que é pela busca permanente entre as pessoas, respeitando as diversidades. Opõe-se às disparidades de renda, de posse de terra, de representação política, de apropriação da riqueza produzida nas relações de trabalho e de acesso à saúde, à educação, aos espaços de decisão e ao comércio internacional entre os países, entre outras.
Diversidade, distinções dadas por aspectos de gênero, geracional, raça/cor, etnia, orientação sexual, pessoa com deficiência, entre outros. Diz respeito também aos diferentes espaços geográficos onde as populações se organizam (áreas urbana e rural, comunidades tradicionais, quilombolas, ribeirinhas e indígenas) e às distintas atividades econômicas praticadas (extrativista, artesanal, agricultura familiar, atividade pesqueira e industrial). O conceito de diversidade não se opõe ao de igualdade, pois a igualdade busca respeitar as diversidades;
Justiça, defesa dos Direitos Humanos Econômicos, Políticos, Civis, Sociais, Culturais e Ambientais, buscando restaurar os direitos ameaçados, bem como garantir a implementação dos direitos não reconhecidos ou a criação de novos direitos. Tem como orientação posicionar-se contra práticas que beneficiem o interesse privado em detrimento do interesse público (entre essas, o clientelismo, o patrimonialismo, o nepotismo, a corrupção, o preconceito e as discriminações). O conceito de justiça incorpora o direito a rebelião, isso é, do povo se rebelar, lutar de todas as formas contra as injustiças e desigualdades.
Liberdade, princípio que prevê a livre expressão, movimentação, atividade política e de organização dos/as cidadãos/ãs. Orienta o cidadão a expressar-se e a atuar politicamente em defesa de valores democráticos, como a igualdade e os Direitos Humanos; contestar e atuar politicamente contra situações de desigualdades sociais, políticas, jurídicas e econômicas. O princípio da liberdade pressupõe a livre organização da sociedade civil;
Participação, atuação da sociedade civil do campo democrático (movimentos sociais, organizações etc.) nos espaços públicos de decisão. Deve ocorrer, preferencialmente, por meio da institucionalização de mecanismos de democracia participativa e direta, inclusive na elaboração, deliberação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas. É também um processo de aprendizado, na medida em que qualifica a intervenção de cidadãos/ãs para a atuação nos espaços públicos de decisão. Não existe participação sem poder de decisão.
Transparência, acesso universal às informações públicas, por meio da disponibilidade inteligível ao conjunto da população. Inclui também a divulgação ampla, permanente e imparcial das decisões públicas, sejam oriundas da burocracia ou dos representantes eleitos/nomeados. É uma postura ética, esperada do poder público. A transparência e o acesso às informações públicas fazem parte da defesa do direito humano à comunicação;
Controle social, monitoramento do Estado por parte da sociedade civil que atua no campo democrático, em especial por meio dos movimentos sociais, visando ao controle das ações governamentais. A qualidade do controle social pressupõe a transparência e o acesso às informações públicas. O controle social visa à defesa e à implementação de políticas públicas que respeitem o conceito de igualdade, universalidade, diversidade, justiça e liberdade.
Qual o papel das entidades, movimentos, pastorais dentro da Assembléia Popular?
Fazem, parte da construção deste projeto varias redes e organizações sociais, pastorais sociais, entidades em um grande Mutirão por um novo Brasil. Pastorais sociais, Grito dos Excluídos, Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres, UNEAFRO, Movimento de Moradia, Associação Brasileira de Estudantes de Filosofia, MST, MAB, Movimento de Mulheres Camponesas, Rede Jubileu Sul Brasil, Rede Social de Direitos Humanos, Grito dos Excluídos Continental, Cáritas Brasileira, INESC/ABONG, PACS, Comissão Pastoral da Terra, CIMI, Associação de estudantes de Engenharia Florestal, CONIC, Iser Assessoria, IBRADES/CNBB e muitas outras. Além das entidades há representação por estado, participando dois representantes de cada articulação da AP regional.
O papel destas entidades e articulações regionais dentro da Assembléia Popular é de construir o debate sobre o projeto popular para o Brasil a partir da realidade de cada uma das entidades ou estado do Brasil. Ainda estas organizações contribuem na construção dos processos regionais, ou seja, cada estado tem um processo próprio de Assembléia Popular com uma articulação local que mobiliza, articula e motiva a reflexão sobre o Brasil que Queremos.
As entidades, movimentos, pastorais conscientes de que o Brasil que temos não é o Brasil que queremos, promovem o momento de todos e de todas mostrarem a sua indignação e a sua vontade de construir, juntos, um novo projeto de sociedade; que nosso país seja economicamente justo, politicamente democrático, culturalmente igualitário e culturalmente plural. Evidentemente, neste processo o protagonismo deve ser sempre dos excluídos e das excluídas desta sociedade.
Se todo o poder emana do povo, conforme define a nossa Constituição, pensar o Poder Popular e o Projeto Popular é considerar como este poder deve ser devolvido ao povo, que tem o direito de exercê-lo de forma direta e não apenas por delegação. Significa, também, pensar novos mecanismos que possibilitam o exercício do poder pelo povo. Hoje, basicamente, o poder é exercido via partidos políticos e nos processos eleitorais. Isso é suficiente? Ou devemos ser ousados e pensar outras formas para se exercer o poder?
Democracia é muito mais que o direito de votar e ser votado. É necessário criar novos mecanismos de participação, que resgatem o poder de decisão da população. Precisamos pensar outras formas de se fazer política, as atuais não refletem esta nova forma de se fazer e pensar a política.
Agenda de lutas para 2010:
Para 2010 estamos centrando forças no debate sobre o Projeto Popular em nossas bases, através de assembléias populares locais, estaduais e regionais, em preparação a II Assembléia Popular Nacional, que se realizará em maio de 2010, de 25 a 28. A II Assembléia Popular nacional será o momento de apresentar e aprofundar nossa proposta de projeto para o Brasil.
No período de fevereiro e março estaremos envolvidos e contribuindo na reflexão da Campanha da Fraternidade Ecumênica que tem como tema Economia e Vida. Momento importante para debater a soberania financeira e o uso do dinheiro público, que deve estar a serviço da vida e dos direitos sociais e não a serviço do mercado.
Ainda em 2010, somaremos força na Marcha das Mulheres na semana de 08 a 18 de março, e no plebiscito popular sobre a propriedade da terra, trabalho que será realizado durante todo o ano de 2010 culminando com o plebiscito popular na Semana da Pátria - 01 a 07 de setembro - e nos somaremos à organização e mobilização do Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro.
Marli de Fátima Aguiar e Rosilene Wansetto – Secretaria Operativa da Assembléia Popular
Texto publicado originalmente por Adital em 30.10.2009
em http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=42484
A Assembléia Popular vem de um processo amplo de articulação e organização de várias campanhas, redes e movimentos sociais no Brasil. A Assembléia Popular virou prática em várias cidades e estados do país desde 2005, a partir da realização da 1ª Assembléia Popular Nacional com participação de 8.000 mil pessoas representantes de todos os estados, entidades, movimentos sociais e pastorais de todo Brasil.
A Assembléia Popular surge de um processo da 4ª Semana Social Brasileira, realizada pelas Pastorais Sociais/CNBB. De 1997 a 1999, a CNBB puxou a realização da 3ª Semana Social sobre o tema central do resgate das dívidas sociais. Os grupos de reflexão e mobilização não tardaram a perceber que a raiz da pobreza e miséria no país está na Dívida Externa e agora, também na Dívida interna que neste ano de 2009 chegou a 1,8 trilhões de reais. Deste processo surge O Jubileu Sul que organizou o plebiscito sobre a dívida externa no ano 2000 juntamente com diversas forças sociais e depois no ano de 2002 com a realização do plebiscito popular sobre a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) se fortalece esse tipo de iniciativa como um espaço de formação política, de conscientização, responsabilidade e participação. Durante estes vários processos outro debate vai sendo ampliado, ou seja, a reflexão sobre o modelo de país e que Brasil queremos.
Neste sentido, fortalecidos pelos processos da Semana Social Brasileira, pelo Jubileu Sul - campanha contra as dívidas externa e interna, com a campanha contra a ALCA se aprofundou o debate em mutirão e em assembléias populares em diversas cidades, regiões de todo o nosso país. O que resultou em outubro de 2005 na 1ª Assembléia Popular e na publicação de um primeiro esforço coletivo sobre o projeto popular para o Brasil, o livro "O Brasil que Queremos". Material que pode ser acessado através do link - http://www.jubileubrasil.org.br/assembleia-popular.
Um dos principais debates elaborados dentro da Assembléia Popular é de que na condição de cidadãs e cidadãos, somos sujeitos de direitos iguais e habitantes de um dos territórios mais ricos em sua diversidade étnica, de regiões, clima, vegetação, fauna, solos, rios, litorais. Ricos em história, culturas, tradições, costumes, valores e espiritualidades. Viemos de diferentes biomas (regiões socioculturais / socioambientais - Amazônia, Cerrado, Pampas, Pantanal, Caatinga ou Semiárido e Mata Atlântica) e queremos que o Brasil seja uma unidade da riqueza de toda esta diversidade, em favor de uma vida com dignidade para e com todas as pessoas e todos os seres vivos que habitam no planeta. Este sendo um dos eixos do projeto em debate.
Outro eixo em debate tem a ver com aspectos da soberania financeira, com o modelo de desenvolvimento, sistema político, relações internacionais e a soberania dos povos, trabalho, cidade, campo, moradia, educação, saúde, gênero, valores, etnias, comunicação, cultura e tantos outros aspectos que o projeto popular para o Brasil necessita. Desde 2005 com a primeira sistematização vem se realizando Assembléias Populares locais para debater o bairro que queremos? A cidade que queremos? O estado que queremos? E o Brasil que queremos? Todo esse trabalho está sendo realizado pelos articuladores/as regionais através de campanhas e lutas estratégicas conforme a realidade de cada região do Brasil.
Desde então viemos presenciando algo novo, emanando do povo, no qual já vários de nós estamos envolvidos. Uma dinâmica está se constituindo que pode marcar uma etapa importante na organização dos movimentos sociais e populares, na participação do povo e na transformação e construção da sociedade que queremos. O exercício do poder popular deve estar a serviço da construção do projeto popular para o Brasil construído pelo próprio povo desde seu local, com dimensão nacional e internacional. A Assembléia Popular se propõe a fazer essa contribuição.
A que se propõe a Assembléia Popular?
A Assembléia Popular se propõe e desafia á construção de um novo modelo de sociedade, um novo projeto de sociedade, um novo modelo de desenvolvimento que tenha em primeiro lugar a vida humana e toda forma de vida no planeta e com a dimensão da integração regional da America Latina. E este, o chamamos de Projeto Popular O Brasil que Queremos, através da organização Popular. Este Projeto Popular tem em conta os limites atuais que vivemos nesta sociedade e nos desafiamos a lutar para enfrentá-los trazendo uma nova visão e novos valores, como:
Igualdade, que é pela busca permanente entre as pessoas, respeitando as diversidades. Opõe-se às disparidades de renda, de posse de terra, de representação política, de apropriação da riqueza produzida nas relações de trabalho e de acesso à saúde, à educação, aos espaços de decisão e ao comércio internacional entre os países, entre outras.
Diversidade, distinções dadas por aspectos de gênero, geracional, raça/cor, etnia, orientação sexual, pessoa com deficiência, entre outros. Diz respeito também aos diferentes espaços geográficos onde as populações se organizam (áreas urbana e rural, comunidades tradicionais, quilombolas, ribeirinhas e indígenas) e às distintas atividades econômicas praticadas (extrativista, artesanal, agricultura familiar, atividade pesqueira e industrial). O conceito de diversidade não se opõe ao de igualdade, pois a igualdade busca respeitar as diversidades;
Justiça, defesa dos Direitos Humanos Econômicos, Políticos, Civis, Sociais, Culturais e Ambientais, buscando restaurar os direitos ameaçados, bem como garantir a implementação dos direitos não reconhecidos ou a criação de novos direitos. Tem como orientação posicionar-se contra práticas que beneficiem o interesse privado em detrimento do interesse público (entre essas, o clientelismo, o patrimonialismo, o nepotismo, a corrupção, o preconceito e as discriminações). O conceito de justiça incorpora o direito a rebelião, isso é, do povo se rebelar, lutar de todas as formas contra as injustiças e desigualdades.
Liberdade, princípio que prevê a livre expressão, movimentação, atividade política e de organização dos/as cidadãos/ãs. Orienta o cidadão a expressar-se e a atuar politicamente em defesa de valores democráticos, como a igualdade e os Direitos Humanos; contestar e atuar politicamente contra situações de desigualdades sociais, políticas, jurídicas e econômicas. O princípio da liberdade pressupõe a livre organização da sociedade civil;
Participação, atuação da sociedade civil do campo democrático (movimentos sociais, organizações etc.) nos espaços públicos de decisão. Deve ocorrer, preferencialmente, por meio da institucionalização de mecanismos de democracia participativa e direta, inclusive na elaboração, deliberação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas. É também um processo de aprendizado, na medida em que qualifica a intervenção de cidadãos/ãs para a atuação nos espaços públicos de decisão. Não existe participação sem poder de decisão.
Transparência, acesso universal às informações públicas, por meio da disponibilidade inteligível ao conjunto da população. Inclui também a divulgação ampla, permanente e imparcial das decisões públicas, sejam oriundas da burocracia ou dos representantes eleitos/nomeados. É uma postura ética, esperada do poder público. A transparência e o acesso às informações públicas fazem parte da defesa do direito humano à comunicação;
Controle social, monitoramento do Estado por parte da sociedade civil que atua no campo democrático, em especial por meio dos movimentos sociais, visando ao controle das ações governamentais. A qualidade do controle social pressupõe a transparência e o acesso às informações públicas. O controle social visa à defesa e à implementação de políticas públicas que respeitem o conceito de igualdade, universalidade, diversidade, justiça e liberdade.
Qual o papel das entidades, movimentos, pastorais dentro da Assembléia Popular?
Fazem, parte da construção deste projeto varias redes e organizações sociais, pastorais sociais, entidades em um grande Mutirão por um novo Brasil. Pastorais sociais, Grito dos Excluídos, Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres, UNEAFRO, Movimento de Moradia, Associação Brasileira de Estudantes de Filosofia, MST, MAB, Movimento de Mulheres Camponesas, Rede Jubileu Sul Brasil, Rede Social de Direitos Humanos, Grito dos Excluídos Continental, Cáritas Brasileira, INESC/ABONG, PACS, Comissão Pastoral da Terra, CIMI, Associação de estudantes de Engenharia Florestal, CONIC, Iser Assessoria, IBRADES/CNBB e muitas outras. Além das entidades há representação por estado, participando dois representantes de cada articulação da AP regional.
O papel destas entidades e articulações regionais dentro da Assembléia Popular é de construir o debate sobre o projeto popular para o Brasil a partir da realidade de cada uma das entidades ou estado do Brasil. Ainda estas organizações contribuem na construção dos processos regionais, ou seja, cada estado tem um processo próprio de Assembléia Popular com uma articulação local que mobiliza, articula e motiva a reflexão sobre o Brasil que Queremos.
As entidades, movimentos, pastorais conscientes de que o Brasil que temos não é o Brasil que queremos, promovem o momento de todos e de todas mostrarem a sua indignação e a sua vontade de construir, juntos, um novo projeto de sociedade; que nosso país seja economicamente justo, politicamente democrático, culturalmente igualitário e culturalmente plural. Evidentemente, neste processo o protagonismo deve ser sempre dos excluídos e das excluídas desta sociedade.
Se todo o poder emana do povo, conforme define a nossa Constituição, pensar o Poder Popular e o Projeto Popular é considerar como este poder deve ser devolvido ao povo, que tem o direito de exercê-lo de forma direta e não apenas por delegação. Significa, também, pensar novos mecanismos que possibilitam o exercício do poder pelo povo. Hoje, basicamente, o poder é exercido via partidos políticos e nos processos eleitorais. Isso é suficiente? Ou devemos ser ousados e pensar outras formas para se exercer o poder?
Democracia é muito mais que o direito de votar e ser votado. É necessário criar novos mecanismos de participação, que resgatem o poder de decisão da população. Precisamos pensar outras formas de se fazer política, as atuais não refletem esta nova forma de se fazer e pensar a política.
Agenda de lutas para 2010:
Para 2010 estamos centrando forças no debate sobre o Projeto Popular em nossas bases, através de assembléias populares locais, estaduais e regionais, em preparação a II Assembléia Popular Nacional, que se realizará em maio de 2010, de 25 a 28. A II Assembléia Popular nacional será o momento de apresentar e aprofundar nossa proposta de projeto para o Brasil.
No período de fevereiro e março estaremos envolvidos e contribuindo na reflexão da Campanha da Fraternidade Ecumênica que tem como tema Economia e Vida. Momento importante para debater a soberania financeira e o uso do dinheiro público, que deve estar a serviço da vida e dos direitos sociais e não a serviço do mercado.
Ainda em 2010, somaremos força na Marcha das Mulheres na semana de 08 a 18 de março, e no plebiscito popular sobre a propriedade da terra, trabalho que será realizado durante todo o ano de 2010 culminando com o plebiscito popular na Semana da Pátria - 01 a 07 de setembro - e nos somaremos à organização e mobilização do Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro.
Marli de Fátima Aguiar e Rosilene Wansetto – Secretaria Operativa da Assembléia Popular
Texto publicado originalmente por Adital em 30.10.2009
em http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=42484
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Igreja e Transformação Social
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Nos dias 03 e 04 de outubro de 2009, aconteceu na Igreja Batista, em Jardim Duas Praias, Rio de Janeiro, o primeiro Encontro “Igreja e Transformação Social” da Ilha do Governador. A Rede de Fé e Política apoiou o evento.
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Pastor Leonardo Pinheiro de Abreu faz relato com fotos do encontro em seu Blog. Acesse e comente.
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JESUS PARA HOJE: I Encontro "Igreja & Transformação Social" - Ilha do Governador/RJ
Nos dias 03 e 04 de outubro de 2009, aconteceu na Igreja Batista, em Jardim Duas Praias, Rio de Janeiro, o primeiro Encontro “Igreja e Transformação Social” da Ilha do Governador. A Rede de Fé e Política apoiou o evento.
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Pastor Leonardo Pinheiro de Abreu faz relato com fotos do encontro em seu Blog. Acesse e comente.
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JESUS PARA HOJE: I Encontro "Igreja & Transformação Social" - Ilha do Governador/RJ
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Rede Fé e Política realiza Retiro
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A Rede de Fé e Política do Estado do Rio de Janeiro promoveu um retiro, dia 24 de outubro, com o assessor político da CNBB, José Ernanne Pinheiro, tendo como tema Espiritualidade e Prática Política. Aconteceu na Casa de Oração, em Nova Iguaçu, um local agradável, arborizado, no alto da colina da antiga Fazenda da Posse da qual ainda resta a pequena capela. Os participantes tiveram um dia dedicado à espiritualidade e à reflexão sobre o agir político dos cristãos.
Participaram 50 pessoas, vindas de 15 municípios do estado. Gente que está na política, que já exerceu mandato, que faz parte de assessoria parlamentar, pessoas que atuam na articulação de grupos de Fé e Política, Fé e Cidadania ou Ética na Política e o grupo de articulação da Rede F&P.
A Rede de Fé e Política articula iniciativas em diversos municípios do estado, organiza encontros de reflexão e partilha de práticas políticas entre grupos de cristãos/ãs de diferentes denominações religiosas, engajados nos movimentos sociais, em partidos políticos e na construção de uma sociedade alternativa ao capitalismo neoliberal. Também promove os Grupos de Acompanhamento do Legislativo – GAL.
Padre Ernanne, que trabalhou com D. Hélder no Recife, do alto de sua experiência, levou os participantes ao encontro da fonte, para provar do poço a água da vida, seguindo os passos da Samaritana de Jericó. Recordando a mobilização eclesial no contexto do Concílio Vaticano II, como o Pacto das Catacumbas, passando pelas Conferências de Medellín e Puebla, reavivou a memória do projeto de Jesus e a nossa opção preferencial pelos pobres.
A motivação para esse momento de recolhimento veio do evangelho de Marcos (1,32-35) que nos recorda como Jesus, depois de atender o povo em suas aflições, curar muitas pessoas de vários tipos de doença e de expulsar muitos demônios “de madrugada, quando ainda estava escuro, se levantou e foi rezar num lugar deserto”. Nesse sentido o retiro foi um dia muito especial, de recolhimento pessoal e coletivo. Vários momentos celebrativos, muito bem preparados, levaram os participantes à meditação e à oração.
No final, as pessoas avaliaram que o retiro atingiu os objetivos que era reunir pessoas que estão mergulhadas no mundo da política para uma parada de reflexão, meditação e oração; reconectar a práxis política à espiritualidade bíblica tendo em vista que a disputa política tende a afastar as pessoas da vida real do povo e a perder o necessário distanciamento para uma visão da realidade; afinar a prática política com a opção evangélica pelos pobres e recuperar o imperativo de estarmos de forma mais orgânica entre os pobres e excluídos.
O tema Espiritualidade e Prática Política foi trabalhado em 4 momentos de reflexão:
1. Espiritualidade e Prática Política – “Espiritualidade é viver conforme o Espírito”. Somos chamados sempre de novo à conversão. A importância de “deixar Deus falar...”. Silêncio exterior e silêncio interior. Ter vida espiritual sem abstrair da realidade, de olho na missão. Aparecida propõe uma missão continental. Assumir a condição de discípulos-missionários no mundo da política. Assumir nossa latinoamericanidade. Casaldáliga fala de Igrejas sem fronteiras: étnicas, sociais, culturais, religiosas e demais barreiras.
Apoiando-se no livro “As raízes da espiritualidade latino-americana: Os místicos ibéricos” de Segundo Galilea (Paulinas, 1984) refletiu sobre as raízes latino-americanas da espiritualidade: o Jesus Histórico (Inácio de Loyola), a Contemplação (Teresa de Ávila) e o lugar dos pobres (João da Cruz).
2. Relação entre Fé e Política – Ao longo dos últimos 50 anos, sobretudo, tem havido uma intensa busca por relacionar fé e política. Jacques Maritain diferenciava o agir como cristão do agir enquanto cristão. Depois Y. Congar, como assessor da Ação Católica, continua essa reflexão. Aqui, Clodovis Boff trabalhou a relação das Cebs com a política.
Gustavo Gutierrez tem uma boa reflexão sobre as bem-aventuranças como uma síntese da proposta de Jesus. Segundo Mateus, em apenas duas, Jesus diz que o Reino já acontece: aos pobres e aos perseguidos. Relaciona o Jesus histórico ao Reino.
Pe. Ernanne recordou diversas experiências ocorridas neste país, de cristãos que buscaram viver uma fé engajada: Ação Católica com seu método Ver-Julgar-Agir, as Cebs, Os cursos do Ibrades. Muitos bons políticos atuais vieram desse meio. Atualmente sentimos falta de um método como aquele da Ação Católica, atualizado. Carlos Mesters com o CEBI tem promovido a Leitura Orante da Bíblia como uma ferramenta que nos auxilia na inserção na realidade.
A Igreja católica no Brasil tem se preocupado com a formação política dos cristãos. A Campanha da Fraternidade de 1986 fez uma boa reflexão sobre esse tema. Temos 50 Escolas de Fé e Política. O Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara, com um corpo de assessores, o curso de formação política e as publicações.
Para as eleições de 2010 deverá sair um texto produzido pelo Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP) + Conselho Nacional de Leigos (CNLB) + Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP).
3. A Oração de Jesus e a nossa oração – Santa Teresa: “orar é tratar de amizade, estando a sós, muitas vezes, com quem sabemos que nos ama”.
Como Jesus rezava: Ele faz a oração usual dos judeus piedosos. Abençoa a mesa (Mt 14, 19; 15,36; 26,26). Reza em comunidade (Lc. 4,16). Em segundo lugar, Jesus reza em conexão com os acontecimentos históricos: sua vida pública começa com a oração (Mt 3,13-17) e termina com uma oração Mt 27,46); no momento de escolher os 12 apóstolos (Lc 6,12s); no momento do Pai Nosso (Lc 11,1); antes de curar o menino epiléptico (Mc 9,29); Jesus se retira para um monte, a um horto, ao deserto (Mc 1,25; 6,46; 14,32; Lc 6,12). Enfim, Jesus condensa o mais profundo de sua vida na oração, como na ação de graças (Mt 11,25) ou na crise do horto quando toma a decisão de ser fiel até a morte: "Abba, afasta de mim este cálice" (Mt 26,39). A Oração de Jesus ao Pai se dá na perspectiva do Reino.
Jesus também critica aspectos de oração do seu povo: narcisismo espiritual, hipocrisia, palavreado, instrumentalização espiritualista alienante, instrumentalização opressora, mistificação da sensibilidade ou sentimentalismo.
Há aspectos da nossa oração a serem purificados: ritualismo, legalismo, espiritualismo, ativismo.
A prática da Leitura Orante da Bíblia vai se tornando popular. Existem outros métodos, como o estudo do Evangelho do padre Antoine Chevrier, a repetição, a oração de entrega silenciosa (deserto).
4. A Opção pelos Pobres - Sempre houve preocupação da Igreja com os pobres. O que mudou foi o aspecto metodológico. O espírito do Vaticano II faz novas exigências: o pobre como sujeito, o pobre coletivo (dimensão política). Há apelos acentuados:
Apelos cristológicos: Jesus nasceu na manjedoura (Lc 2,12); viveu pobre, na companhia dos pobres (Mt 8,20); evangelizou os pobres (Lc 4,16); escolheu seus apóstolos entre os pobres (Mt 10); morreu pobre, na cruz (Jo 19,31s).
Apelos da Igreja: João XXIII na abertura do Concílio. Lercaro durante o Concílio. Lumen Gentium 8:
Mas, assim como Cristo realizou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja é chamada a seguir pelo mesmo caminho para comunicar aos homens os frutos da salvação... Cristo foi enviado pelo Pai « a evangelizar os pobres... De igual modo, a Igreja reconhece nos pobres e nos que sofrem a imagem do seu fundador pobre e sofredor, procura aliviar as suas necessidades, e intenta servir neles a Cristo.
Evolução da consciência eclesial quanto ao pobre: Antes do Vaticano II o pobre como objeto da nossa benevolência. Gutiérrez lembra a justificativa que era preciso haver pobres para os ricos serem generosos. Durante o Vaticano II emerge uma a mística eclesial de viver como os pobres, de ser Igreja dos pobres. Após o Vaticano II, a partir de Medellín, o pobre é aquele que está no caminho que eu me coloco (Lc 10, o bom samaritano), exigindo compromisso e solidariedade; descobre-se o pobre coletivo, o empobrecido.
Paul Gauthier, a partir de sua experiência de operário em Nazaré, escreveu o livro “Jesus, a Igreja e os Pobres” e interpela o Concílio. Depois, Yves Congar escreve “Por uma Igreja servidora e pobre” como uma proposta para a Igreja.
Com Medellín a Igreja faz a opção pelos pobres. Medellín apresenta três aspectos da pobreza:
a) A pobreza como carência de bens deste mundo é um mal (Is 10,1-2; Am 2,6s).
b) A pobreza espiritual é um dos temas dos pobres de Javé: disponibilidade e confiança, atitude de infância espiritual (Santa Terezinha); ser pobre contra a pobreza (L Boff).
c) A pobreza como compromisso: assumir voluntariamente e por amor a condição dos necessitados, dos empobrecidos... Um sinal do valor inestimável do pobre aos olhos de Deus. Um compromisso de solidariedade com os que sofrem. Medellín tem como pano de fundo a análise da realidade da "dependência" - "os ricos cada vez mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres". Puebla e as outras conferências ratificam a opção preferencial pelos pobres (OPP) a partir da prática da Igreja.
As Fraternidades de Charles de Foucauld definem três níveis de compromisso com os pobres: presença junto aos pobres; ajudar na organização dos pobres; pensar na perspectiva dos pobres.
Um professor, de classe média, mostra como podemos avaliar nossa OPP: como trato os pobres do meu entorno? Como eles mexem no meu bolso? O que faço para me juntar aos pobres na suas lutas?
Névio Fiorin relatou
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Reunião da Rede Oikosnet América Latina
*
O Iser Assessoria faz parte de Oikosnet AL, rede regional para a América Latina, mas que tem também uma dimensão internacional. É uma rede ecumênica de centros de formação e educação, que se coloca como “um espaço de encontro, articulação e intercâmbio, contribuindo para a construção de sociedades fundadas em relações de justiça, solidariedade, participação e inclusão das diversidades na América Latina e Caribe”.
O Encontro que se realiza a cada dois anos é um momento rico de reflexão e de intercâmbio. O XV Encontro/Assembléia da Rede acaba de realizar-se em Lima, Peru, de 13 a 17 de outubro, com o tema “Ecumenismo, Espiritualidade e Práticas”. Como representante do Iser Assessoria, gostaria de partilhar alguns dos temas debatidos.
O encontro iniciou-se com a questão da espiritualidade, entendida como experiência de Deus ou, nas palavras de Maria José Coran – religiosa que vive perto do Lago Titicaca, em uma aldeia quéchua – como vida aberta ao Espírito / Ruah ou ainda como consciência de estar na presença do Mistério, segundo Luis Dietricht. Esta espiritualidade é algo que se vive no cotidiano, na busca de construir a própria identidade, de descobrir-se como ser humano. A busca se amplia quando se coloca também na perspectiva ecumênica, no descobrimento solidário com o/a outro/a. Na América indígena, isto significa pensar a relação com a Mãe-Terra , Pacha-Mama, que é um projeto de fraternidade. A terra não é Deus, é uma criatura, mas é também criadora de Vida. E esta concepção da terra como a Grande Mãe nos irmana, e pode ser incluída no projeto de construção do Reino, como dom e como graça no meio de nós.
Em um segundo momento, discutimos a questão dos “povos originários”, que já habitam estas terras há 5.000 anos e cuja cultura hoje começa a ser valorizada – depois de longos séculos de discriminação - no reconhecimento de uma realidade pluricultural. É este um processo longo e complexo, sobretudo quando o conceito de territorialidade – defendido pelos movimentos indígenas, incluindo não só a posse da terra mas também as formas culturais de apropriar-se da mesma – se confronta, como vem sucedendo hoje na região amazônica, com projetos de desenvolvimento e de aproveitamento de recursos naturais (petróleo, minérios, água – as hidrelétricas!). Neste contexto, a (difícil) construção de consensos é um processo permanente...
O reconhecimento e o respeito pelo outro estão na base também do debate sobre ecumenismo, que constituiu o tema seguinte. Este supõe resgatar a memória histórica e reconhecer a contribuição das gerações anteriores, mas sem perder o enfoque crítico: diante de certo “refluxo” do ecumenismo hoje, há uma tendência a compará-lo com o que foi nos anos 70 e 80, em circunstâncias diversas e focar-se em uma dimensão institucional; hoje talvez seja mais importante ver o que sucede nas bases, avaliando o que é realmente “resgatável” do modelo anterior, diante de um contexto de mudanças extremamente rápido.
Neste sentido, a presença de vários jovens, na reunião, contribuiu para criar um clima de diálogo inter-geracional muito rico. Além disso, contribuindo para afirmar a diversidade, estava a riqueza de uma rede que é latino-americana. Havia 19 centros representados, significando a presença de uma dezena de países: Peru, Cuba, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Colômbia, Equador, Argentina, Chile e Brasil. (Não se chegou à diversidade de idiomas - o espanhol era absolutamente dominante - mas conseguimos, em um dos devocionais, cantar uma música das CEBs em português...) Enfim, o encontro foi uma experiência rica e aberta a novos desdobramentos.
*
Lucia Ribeiro
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
12º Intereclesial
*
Fotos de Érika Glória R. Santos, Ivo Lesbaupin e Massimo Valente
Entre os dias 21 e 25 de julho de 2009 três membros do Iser Assessoria - Ivo Lesbaupin, Pedro Ribeiro de Oliveira e Solange Rodrigues - participaram da assessoria ao 12o. Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil, em Porto Velho - Rondônia. Veja a seguir a primeira parte da Carta final do Encontro:
CARTA ÀS IRMÃS E AOS IRMÃOS DAS CEBs E A TODO O POVO DE DEUS
1. Nós, participantes do XII Intereclesial das CEBs, daqui das margens do Rio Madeira, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as irmãs e irmãos de todos os cantos do Brasil e dos demais países do continente, que sonham conosco com novos céus e nova terra, num jeito novo de ser igreja, de atuar em sociedade e de cuidar respeitosa e amorosamente de toda a criação!
2. Fomos convocados de 21 a 25 de julho de 2009, pelo Espírito e pela Igreja irmã de Porto Velho/RO, para nos debruçar sobre o tema que nos guiou por toda a preparação do Intereclesial em nossas comunidades e regionais: “CEBs: Ecologia e Missão – Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Acolhendo as delegações e celebrando os povos da Amazônia.
3. Encheu-nos de entusiasmo ver chegando, depois de dois, três e até cinco dias de viagem os delegados, em sua maioria de ônibus fretados, ou ainda em barcos e aviões. Em muitos ônibus, vieram acompanhados de seus bispos e encontraram, ao longo do caminho, acolhida festiva e refrigério em paradas nas dioceses de Rondonópolis, Cuiabá e Cáceres no Mato Grosso, Jataí em Goiás, Uberlândia em Minas Gerais e, entrando em Rondônia, nas comunidades de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto e Jaru. Apresentamos carinhoso agradecimento pela fraterna e generosa acolhida de todas as delegações pelas famílias, comunidades e paróquias de Porto Velho, o infatigável trabalho e dedicação do Secretariado e das equipes de serviço, em que se destacaram tantos jovens.
4. Somos 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando cinco mil pessoas envolvidas neste Intereclesial. Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte. Queremos ressaltar a presença marcante da juventude de todo o Brasil por meio de suas várias organizações.
5. “Sejam benvindos/as nesta terra de muitos rios, igarapés e de muitas matas, onde está a Arquidiocese de Porto Velho, que se faz hoje a Casa das Comunidades Eclesiais de Base”. Assim, fomos recebidos, na celebração de abertura pela equipe da celebração e por Dom Moacyr Grechi, com muita música e canto, ao cair da noite, ao lado dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que lembra para os trabalhadores, que a construíram e para os indígenas e migrantes nordestinos, o sofrido ciclo da borracha na Amazônia. Foram evocadas ali e, seguidamente nos dias seguintes, as palavras sábias do provérbio africano:
“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes,
consegue mudanças extraordinárias”. (...)
Veja o texto completo no site:
http://www.cnbb.org.br/ns/modules/mastop_publish/files/files_4a82b4b900e0e.pdf
Fotos de Érika Glória R. Santos, Ivo Lesbaupin e Massimo Valente
Entre os dias 21 e 25 de julho de 2009 três membros do Iser Assessoria - Ivo Lesbaupin, Pedro Ribeiro de Oliveira e Solange Rodrigues - participaram da assessoria ao 12o. Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil, em Porto Velho - Rondônia. Veja a seguir a primeira parte da Carta final do Encontro:
CARTA ÀS IRMÃS E AOS IRMÃOS DAS CEBs E A TODO O POVO DE DEUS
1. Nós, participantes do XII Intereclesial das CEBs, daqui das margens do Rio Madeira, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as irmãs e irmãos de todos os cantos do Brasil e dos demais países do continente, que sonham conosco com novos céus e nova terra, num jeito novo de ser igreja, de atuar em sociedade e de cuidar respeitosa e amorosamente de toda a criação!
2. Fomos convocados de 21 a 25 de julho de 2009, pelo Espírito e pela Igreja irmã de Porto Velho/RO, para nos debruçar sobre o tema que nos guiou por toda a preparação do Intereclesial em nossas comunidades e regionais: “CEBs: Ecologia e Missão – Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Acolhendo as delegações e celebrando os povos da Amazônia.
3. Encheu-nos de entusiasmo ver chegando, depois de dois, três e até cinco dias de viagem os delegados, em sua maioria de ônibus fretados, ou ainda em barcos e aviões. Em muitos ônibus, vieram acompanhados de seus bispos e encontraram, ao longo do caminho, acolhida festiva e refrigério em paradas nas dioceses de Rondonópolis, Cuiabá e Cáceres no Mato Grosso, Jataí em Goiás, Uberlândia em Minas Gerais e, entrando em Rondônia, nas comunidades de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto e Jaru. Apresentamos carinhoso agradecimento pela fraterna e generosa acolhida de todas as delegações pelas famílias, comunidades e paróquias de Porto Velho, o infatigável trabalho e dedicação do Secretariado e das equipes de serviço, em que se destacaram tantos jovens.
4. Somos 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando cinco mil pessoas envolvidas neste Intereclesial. Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte. Queremos ressaltar a presença marcante da juventude de todo o Brasil por meio de suas várias organizações.
5. “Sejam benvindos/as nesta terra de muitos rios, igarapés e de muitas matas, onde está a Arquidiocese de Porto Velho, que se faz hoje a Casa das Comunidades Eclesiais de Base”. Assim, fomos recebidos, na celebração de abertura pela equipe da celebração e por Dom Moacyr Grechi, com muita música e canto, ao cair da noite, ao lado dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que lembra para os trabalhadores, que a construíram e para os indígenas e migrantes nordestinos, o sofrido ciclo da borracha na Amazônia. Foram evocadas ali e, seguidamente nos dias seguintes, as palavras sábias do provérbio africano:
“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes,
consegue mudanças extraordinárias”. (...)
Veja o texto completo no site:
http://www.cnbb.org.br/ns/modules/mastop_publish/files/files_4a82b4b900e0e.pdf
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Seminário da Rede de Cursos de Formação Pastoral
De 02 a 04 de outubro o Iser Assessoria e a Equipe do Curso do Rio acolheram o Seminário da Rede de Cursos de Formação Pastoral, que compreende os Cursos de Verão, Cursos de Inverno e Cursos Bíblicos.
O Seminário foi realizado no Centro de Acolhida Missionária - Casa das Religiosas da Assunção – no alto de Santa Teresa, em meio ao verde, tendo por um lado a vista da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro com o Pão de Açúcar e do outro as comunidades de morro e ao longe a Baixada Fluminense. Representando oito cursos de formação, 14 pessoas se reuniram para partilhar experiências, celebrar e refletir sobre as perspectivas da formação popular a partir da atual conjuntura. No último ano, os Cursos de Formação Pastoral atingiram mais de 2.500 pessoas.
Os Cursos presentes foram:
o Curso Ecumênico de Pastoral Popular – Rio Grande do Sul
o Curso de Verão - Goiania
o Curso do Rio Encontro Ecumênico de Formação Pastoral – Rio de Janeiro
o Flor e Canto: Encontros Ecumênicos de Formação – Magé
o Curso de Verão na Terra do Sol - Fortaleza
o Curso de Inverno – Vale do Aço, MG
o Curso Bíblico de Lins – Lins, SP
o Curso de Verão - São Paulo
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
2ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa
reuniu mais de 50 mil pessoas e uma infinidade de grupos religiosos no Rio de Janeiro, no dia 20 de setembro de 2009.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Igreja &Transformação Social
A Rede de Fé e Política do Rio de Janeiro está participando desta atividade de formação, promovida pela Igreja Batista, onde atua pastor Leonardo Pinheiro de Abreu, colaborador do Curso do Rio.
O Movimento Fé e Política é ecumênico, não confessional e não partidário. Está aberto a todas as pessoas que consideram a política uma dimensão fundamental para a construção da cidade e do país que queremos. Sua participação é importante!
I Encontro
Igreja & Transformação Social
da Ilha do Governador
03 e 04 de outubro de 2009
Igreja Batista em Jardim Duas Praias
pastor Leonardo Abreu -
Informações e inscrições: www.fep-ilha.blogspot.com
21-9454-8446 - 3353-5639
Sua participação é importante!
O Movimento Fé e Política é ecumênico, não confessional e não partidário. Está aberto a todas as pessoas que consideram a política uma dimensão fundamental para a construção da cidade e do país que queremos. Sua participação é importante!
I Encontro
Igreja & Transformação Social
da Ilha do Governador
03 e 04 de outubro de 2009
Igreja Batista em Jardim Duas Praias
pastor Leonardo Abreu -
Informações e inscrições: www.fep-ilha.blogspot.com
21-9454-8446 - 3353-5639
Sua participação é importante!
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Encontro de Fé e Política de Barra Mansa
06 de setembro de 2009
Grupo de Partilha 8 – Grupos de Acompanhamento do Legislativo
Facilitadores: Flávio Antônio e Ivo Lesbaupin
(Observação: relatório foi feito com base nas anotações dos facilitadores; certamente não é completo e pode ser que haja alguma imprecisão; quem quiser completar, envie-nos a sua contribuição).
O Encontro teve início ás 13:50, com a apresentação dos presentes, cerca de 30 pessoas (nome, município e grupo em que esta inserido/a).
Partilha das experiências
Começamos com a pergunta: Quem participa de Grupo de Acompanhamento do Legislativo?
Neste momento fizemos a:
Valença: O grupo de acompanhamento ao Legislativo firmou-se a partir de uma luta específica, a privatização da água. A partir daí, se conseguiu uma renovação de 80% dos vereadores. As denúncias tinham efeito porque o grupo conseguia colocar na imprensa local. Têm a intenção de criar um boletim. Precisam de ajuda para saber quais são os critérios para qualificar a atuação do/a vereador/a.
São Pedro da Aldeia: O grupo se intitula “Grupo de Fé e Cidadania”. Antes de começar o acompanhamento, estão fazendo estudos sobre a Lei Orgânica do município e o Regimento Interno da Câmara de vereadores. Estão buscando apoio em entidades da sociedade civil local como associações, OAB, etc.
Volta Redonda: É um grupo pequeno que faz o acompanhamento na Câmara. Dividiram-se em 3 grupos menores, sendo 1 responsável por cada semana; ao final do acompanhamento, se reúnem para colocar em comum as observações. Fazem um relatório e distribuem na reunião do Regional da Diocese. Fizeram abaixo-assinado, encaminhado para o Ministério Público.
Descobriram que existe a “Tribuna Livre” - que o povo pode utilizar.
Barra do Piraí: O grupo tem mais de doze anos e nesse período tiveram altos e baixos. Mesmo assim, o grupo incomoda os “vereadores”. A Igreja está junto. Conseguiram realizar o “Projeto Cidadania”. Ao acompanharem determinada sessão, descobriram que havia um projeto de privatização da água. Mobilizaram-se e conseguiram evitar que o projeto fosse aprovado. Entraram em contato com o Ministério Público. Conseguiram que a água ficasse sob concessão da CEDAE. Fizeram parceria com a ONG Novamerica para ajudar na formação dos membros do grupo.
Niterói: Existe um Grupo de Fé e Cidadania, que faz o acompanhamento ao Legislativo. Trabalham em parceira com o Fórum Popular do Orçamento. Fazem o registro da presença dos vereadores. Exigem transparência pública. Agora a Câmara colocou em funcionamento um sitio eletrônico (internet) no qual disponibilizam informações da Câmara. Têm como bandeira conseguir o SIAFEM – sistema de acompanhamento do orçamento, com total transparência.
Barra Mansa: O Prefeito coopta os vereadores. Um dos vereadores fez uma denúncia sobre o caos no sistema de saúde do município.
Rio de Janeiro (Jacarepaguá?): O Grupo está estudando o Plano Plurianual de Ação do município.
Nova Iguaçu: Tentou se formar um Grupo de Acompanhamento do Legislativo, mas a Câmara mudou o horário das reuniões de 18 horas para 15 horas. Isto inviabilizou a participação nas reuniões.
Resende:
Angra dos Reis: Estão tentando reunir um grupo. A Câmara tem de apresentar uma Prestação de Contas quadrimestral.
Porto Real: Existe um grupo desenvolvendo o “Projeto Mulheres em ação”.
Houve outras intervenções complementares, falando, por exemplo, que há dois parceiros importantes, que devem ser acionados: os meios de comunicação e o Ministério Público.
Em seguida, debatemos em torno de três perguntas:
a) Como criar grupo de acompanhamento do legislativo onde não existe?
b) O que se pode fazer para melhorar aqueles que já existem?
c) O que podemos fazer em 2010 em termos de formação para os grupos de acompanhamento do legislativo municipal? Quando?
Encaminhamento:
O Movimento de Fé e Política precisa promover um Encontro específico dos Grupos de Acompanhamento do Legislativo (já existentes ou em formação) na segunda quinzena de março de 2010 (preferência por um domingo).
Flávio Antônio e Ivo Lesbaupin
06 de setembro de 2009
Grupo de Partilha 8 – Grupos de Acompanhamento do Legislativo
Facilitadores: Flávio Antônio e Ivo Lesbaupin
(Observação: relatório foi feito com base nas anotações dos facilitadores; certamente não é completo e pode ser que haja alguma imprecisão; quem quiser completar, envie-nos a sua contribuição).
O Encontro teve início ás 13:50, com a apresentação dos presentes, cerca de 30 pessoas (nome, município e grupo em que esta inserido/a).
Partilha das experiências
Começamos com a pergunta: Quem participa de Grupo de Acompanhamento do Legislativo?
Neste momento fizemos a:
Valença: O grupo de acompanhamento ao Legislativo firmou-se a partir de uma luta específica, a privatização da água. A partir daí, se conseguiu uma renovação de 80% dos vereadores. As denúncias tinham efeito porque o grupo conseguia colocar na imprensa local. Têm a intenção de criar um boletim. Precisam de ajuda para saber quais são os critérios para qualificar a atuação do/a vereador/a.
São Pedro da Aldeia: O grupo se intitula “Grupo de Fé e Cidadania”. Antes de começar o acompanhamento, estão fazendo estudos sobre a Lei Orgânica do município e o Regimento Interno da Câmara de vereadores. Estão buscando apoio em entidades da sociedade civil local como associações, OAB, etc.
Volta Redonda: É um grupo pequeno que faz o acompanhamento na Câmara. Dividiram-se em 3 grupos menores, sendo 1 responsável por cada semana; ao final do acompanhamento, se reúnem para colocar em comum as observações. Fazem um relatório e distribuem na reunião do Regional da Diocese. Fizeram abaixo-assinado, encaminhado para o Ministério Público.
Descobriram que existe a “Tribuna Livre” - que o povo pode utilizar.
Barra do Piraí: O grupo tem mais de doze anos e nesse período tiveram altos e baixos. Mesmo assim, o grupo incomoda os “vereadores”. A Igreja está junto. Conseguiram realizar o “Projeto Cidadania”. Ao acompanharem determinada sessão, descobriram que havia um projeto de privatização da água. Mobilizaram-se e conseguiram evitar que o projeto fosse aprovado. Entraram em contato com o Ministério Público. Conseguiram que a água ficasse sob concessão da CEDAE. Fizeram parceria com a ONG Novamerica para ajudar na formação dos membros do grupo.
Niterói: Existe um Grupo de Fé e Cidadania, que faz o acompanhamento ao Legislativo. Trabalham em parceira com o Fórum Popular do Orçamento. Fazem o registro da presença dos vereadores. Exigem transparência pública. Agora a Câmara colocou em funcionamento um sitio eletrônico (internet) no qual disponibilizam informações da Câmara. Têm como bandeira conseguir o SIAFEM – sistema de acompanhamento do orçamento, com total transparência.
Barra Mansa: O Prefeito coopta os vereadores. Um dos vereadores fez uma denúncia sobre o caos no sistema de saúde do município.
Rio de Janeiro (Jacarepaguá?): O Grupo está estudando o Plano Plurianual de Ação do município.
Nova Iguaçu: Tentou se formar um Grupo de Acompanhamento do Legislativo, mas a Câmara mudou o horário das reuniões de 18 horas para 15 horas. Isto inviabilizou a participação nas reuniões.
Resende:
Angra dos Reis: Estão tentando reunir um grupo. A Câmara tem de apresentar uma Prestação de Contas quadrimestral.
Porto Real: Existe um grupo desenvolvendo o “Projeto Mulheres em ação”.
Houve outras intervenções complementares, falando, por exemplo, que há dois parceiros importantes, que devem ser acionados: os meios de comunicação e o Ministério Público.
Em seguida, debatemos em torno de três perguntas:
a) Como criar grupo de acompanhamento do legislativo onde não existe?
b) O que se pode fazer para melhorar aqueles que já existem?
c) O que podemos fazer em 2010 em termos de formação para os grupos de acompanhamento do legislativo municipal? Quando?
Encaminhamento:
O Movimento de Fé e Política precisa promover um Encontro específico dos Grupos de Acompanhamento do Legislativo (já existentes ou em formação) na segunda quinzena de março de 2010 (preferência por um domingo).
Flávio Antônio e Ivo Lesbaupin
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Encontro de Fé e Política de Barra Mansa
06 de setembro de 2009
Grupo de Partilha 5 - Crise e Desemprego
Coordenação: Professor Diego e Pe. Juarez Antunes
SÍNTESE DOS ASSUNTOS ABORDADOS NO GRUPO:
Como ponto de partida, para abertura das discussões sobre o tema, foram lançadas as seguintes perguntas para o grupo:
1) Existe riqueza sem trabalho?
2) De onde vem a riqueza?
3) Existem pessoas mais ricas, por quê?
O grupo começou a conversar sobre o que é trabalho, conceituando e colocando a diferença entre emprego e trabalho. Em seguida foi comentado sobre a questão de o trabalho promover o enriquecimento de poucos quando deveria gerar riquezas para todos que participam do processo produtivo.
O que o trabalhador ganha mal dá para o próprio sustento. A divisão dos lucros sempre favorece a camada mais elevada das empresas (diretores, gerentes, supervisores).
O Capitalismo foi citado várias vezes como o grande vilão que suga o trabalhador o máximo possível até a exaustão. O objetivo é remunerar o capital. É dar o lucro para os acionistas não importa a qual custo.
A questão da Crise foi colocada pelo grupo como uma situação que poderia ter afetado menos o Brasil, mas devido ao grande volume de negociação internacional e a questão do empresário não querer reduzir o lucro dos acionistas, quem pagou a conta foi mais uma vez o trabalhador ficando desempregado.
O trabalhador não pode mais sonhar em trabalhar numa empresa de mais de 20 mil empregados como foi a CSN. Hoje as empresas terceirizam o máximo possível, deixando apenas a área produtiva e algumas áreas de controle para a sua gestão.
Propostas:
1. Projetos alternativos para resolver o problema do emprego. Grandes empresas não representam mais segurança. Foi citado o plantio de alimentos orgânicos, a criação de viveiros de rã cuja carne é bastante valorizada no mercado. A idéia é criar pequenas células econômicas, sem a dependência das grandes corporações. Algumas pessoas discordaram da idéia, pois acreditam que se essa moda pega, os direitos trabalhistas adquiridos ao longo de décadas serão derrubados.
2. Mudança do modelo econômico. O atual modelo econômico gera desemprego. O sonho do empresário é ter uma fábrica operando no escuro por robôs. Foi sugerida a redução da jornada de trabalho como fator gerador de empregos.
3. Formação cultural do cidadão, no sentido de conscientização, para que o mesmo tenha uma maior participação na política.
4. Socialização do capital. O Capitalismo custeando a Saúde e a Educação, ou seja, o Estado e o Município deverão ser responsáveis para garantir a Educação e a Saúde com qualidade. A Constituição nos dá esses direitos. O trabalhador não tem que pagar plano de saúde caro e nem pagar pela Educação. Parte dos lucros dos empresários deveria remunerar esses dois fatores de real importância na vida do ser humano. Foi citada a questão do Imposto sobre grandes fortunas que poderia gerar muitos empregos e está estagnado.
5. Economia Solidária. Pequenos grupos gerando as suas riquezas compartilhadas, com gestão própria. Foi citada a dificuldade dos catadores de lixo que tentam fazer uma coleta seletiva nos locais de descarga e são muitas vezes impedidos da realização desse trabalho sendo esse o sustento deles.
06 de setembro de 2009
Grupo de Partilha 5 - Crise e Desemprego
Coordenação: Professor Diego e Pe. Juarez Antunes
SÍNTESE DOS ASSUNTOS ABORDADOS NO GRUPO:
Como ponto de partida, para abertura das discussões sobre o tema, foram lançadas as seguintes perguntas para o grupo:
1) Existe riqueza sem trabalho?
2) De onde vem a riqueza?
3) Existem pessoas mais ricas, por quê?
O grupo começou a conversar sobre o que é trabalho, conceituando e colocando a diferença entre emprego e trabalho. Em seguida foi comentado sobre a questão de o trabalho promover o enriquecimento de poucos quando deveria gerar riquezas para todos que participam do processo produtivo.
O que o trabalhador ganha mal dá para o próprio sustento. A divisão dos lucros sempre favorece a camada mais elevada das empresas (diretores, gerentes, supervisores).
O Capitalismo foi citado várias vezes como o grande vilão que suga o trabalhador o máximo possível até a exaustão. O objetivo é remunerar o capital. É dar o lucro para os acionistas não importa a qual custo.
A questão da Crise foi colocada pelo grupo como uma situação que poderia ter afetado menos o Brasil, mas devido ao grande volume de negociação internacional e a questão do empresário não querer reduzir o lucro dos acionistas, quem pagou a conta foi mais uma vez o trabalhador ficando desempregado.
O trabalhador não pode mais sonhar em trabalhar numa empresa de mais de 20 mil empregados como foi a CSN. Hoje as empresas terceirizam o máximo possível, deixando apenas a área produtiva e algumas áreas de controle para a sua gestão.
Propostas:
1. Projetos alternativos para resolver o problema do emprego. Grandes empresas não representam mais segurança. Foi citado o plantio de alimentos orgânicos, a criação de viveiros de rã cuja carne é bastante valorizada no mercado. A idéia é criar pequenas células econômicas, sem a dependência das grandes corporações. Algumas pessoas discordaram da idéia, pois acreditam que se essa moda pega, os direitos trabalhistas adquiridos ao longo de décadas serão derrubados.
2. Mudança do modelo econômico. O atual modelo econômico gera desemprego. O sonho do empresário é ter uma fábrica operando no escuro por robôs. Foi sugerida a redução da jornada de trabalho como fator gerador de empregos.
3. Formação cultural do cidadão, no sentido de conscientização, para que o mesmo tenha uma maior participação na política.
4. Socialização do capital. O Capitalismo custeando a Saúde e a Educação, ou seja, o Estado e o Município deverão ser responsáveis para garantir a Educação e a Saúde com qualidade. A Constituição nos dá esses direitos. O trabalhador não tem que pagar plano de saúde caro e nem pagar pela Educação. Parte dos lucros dos empresários deveria remunerar esses dois fatores de real importância na vida do ser humano. Foi citada a questão do Imposto sobre grandes fortunas que poderia gerar muitos empregos e está estagnado.
5. Economia Solidária. Pequenos grupos gerando as suas riquezas compartilhadas, com gestão própria. Foi citada a dificuldade dos catadores de lixo que tentam fazer uma coleta seletiva nos locais de descarga e são muitas vezes impedidos da realização desse trabalho sendo esse o sustento deles.
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